O irmão de um doente oncológico tem uma missão grandiosa, o Rodrigo apesar de ter menos 3 anos que o Ricardo, teve que crescer à força e desempenhar muitas vezes o papel de irmão mais velho porque sentia necessidade de proteger o irmão. Ele com 7 anos de um dia para o outro sem que nada o fizesse prever viu toda a rotina familiar se alterar por completo.

No início teve uma dor enorme pela ausência da mãe e do irmão e, apesar de saber que estavam no hospital e que o irmão estava doente, não percebeu logo a dimensão e instaurou-se uma grande revolta.

Quando estava com o irmão, o objetivo dele era aliviar todos os momentos de dor, desconforto e mal-estar do irmão fazendo palhaçadas para o irmão se rir e esquecer o que sentia, e confesso que com êxito. A bondade dele para com o irmão não tinha fim, ele preocupava-se tanto com ele, mas com todos o que o rodeavam também, em muitos momentos se notava a angústia de quem não sabia o que fazer para voltar a ter uma vida “normal” sem dores nem sofrimento à sua volta. Tenho muito orgulho deste ser com um coração tão enorme.

O momento em que tudo se tornou mais doloroso foi quando o Rodrigo teve consciência que podia perder ou ter perdido o irmão, foi de um sofrimento atroz pensar na possibilidade disso com tão tenra idade e consumiu-o.

São miúdos excecionais os que sofrem e os que assistem a todo este processo.